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terça-feira, 15 de agosto de 2017

Saúde Mental é amplamente discutida em plenário

         Em reunião plenária realizada no final do mês de julho, o Conselho Municipal de Saúde (CMS) do Recife convocou a coordenadora da Política de Saúde Mental do Recife, Cléo Queiroz, para fazer uma apresentação sobre a política e elencar quais os objetivos, avanços e desafios que a Saúde Mental passa na capital pernambucana.
         Com o plenário lotado de usuários, trabalhadores, convidados, familiares, e, claro, do colegiado do CMS-Recife, a reunião serviu como um espaço para discutir e ouvir a população sobre os principais problemas que a política vem passando. Grupos organizados da sociedade civil aproveitaram a oportunidade para externarem seus descontentamentos através de cartazes que traziam pedidos e frases de ordem. ‘Queremos um serviço de qualidade’, ‘CPI na Alimentação’ e ‘Não queremos comunidade terapêutica’, estavam entre os pedidos dos manifestantes.
        A gerente da Política, Cléo Queiroz, foi convidada para mostrar os cuidados prestados pela Rede de Atenção Psicossocial (RAPS) no Recife. Segundo Cléo, a RAPS prima pelo “Cuidado em liberdade e de forma longitudinal, com emancipação dos sujeitos e inclusão social”. Tendo como princípios norteadores os direitos humanos, responsabilidade sanitária, desinstitucionalização, reabilitação psicossocial e redução de danos, a política tem a finalidade de implementar ações com base no modelo assistencial psicossocial, sempre voltado para a melhoria da qualidade de vida e garantia dos direitos das pessoas com transtorno mental e usuários de álcool, fumos e outras drogas.
      Aberto o debate, a conselheira Micheline Moraes ressaltou que este é um momento histórico para o Conselho. “Levando em consideração os retrocessos que a política vem passando, esse espaço talvez seja o único, hoje em dia, em que podemos falar abertamente das nossas insatisfações”, dispara. Na sua fala, Micheline diz que é preciso ter uma discussão constante sobre a temática. “Precisamos construir uma agenda de discussão continuada e sugiro que seja criada uma comissão temporária para acompanhar os desdobramentos dessa reunião”.
     Para a conselheira Sônia Pinto, os gestores devem se fazer mais presentes nas efetivações das políticas. “Os gestores devem sair de seus gabinetes e ir para a ponta saber o que a população esta passando”, afirma. Já a conselheira Vera Lúcia foca sua intervenção na alimentação que são servidas nos CAPS. “Desde quando fui conselheira em outros colegiados pedi reuniões para discutir sobre a alimentação oferecida nos CAPS. Quero saber o que a empresa oferece aos órgãos, pois, mesmo com tantas reclamações ainda continua sendo a responsável pela disponibilização da alimentação”, indaga.
       Em resposta, a gestão se prontificou em abrir um processo administrativo para verificar essas possíveis irregularidades quanto a oferta da alimentação para os CAPS. Quanto aos demais problemas apresentados (infraestrutura, falta de transporte, recursos humanos, falta de medicamentos, entre outros) a gestão já está criando estratégias imediatas para resolução dos mesmos.
       O visitante Agenor, pai de um usuário do CAPS Boa Vista, agradeceu pela assistência prestada ao seu filho, mas fez um apelo. “Fechou-se os hospitais de assistência ao dente mental e, com isso, nossos pacientes foram para o leito dos nossos lares. Pais e mães sem nenhuma qualificação para cuidar dos nossos filhos. Estamos na situação de despreparo total”, disse, pedido para que a gestão estude uma forma de ajudar as famílias a tratar e conduzir seus filhos.
        O ACS e conselheiro Distrital de Saúde do Distrito Sanitário VII, Fernando Severino, fez um alerta quanto a criação das Comunidades Terapêuticas. “O que está acontecendo é o desmonte da RAPS na cidade e em troca querem que a gente pense que as comunidades terapêuticas são a solução e não é”, afirma. “Querem empurrar de goela abaixo essas comunidades, mas precisamos lutar para que tenhamos liberdade para ir para onde quiser e precisamos dar apoio aos familiares”, finaliza. Para Fernando, o serviço deve ser laico, aberto e público, onde deve ser de qualidade e que garanta os direitos dos usuários (as).

     Como encaminhamentos, o CMS-Recife irá instituir um Grupo de Trabalho para acompanhar as demandas da Política de Saúde Mental. Além disso, o colegiado convidou os gestores para fiscalizar os CAPS, junto com a Comissão de Fiscalização do CMS-Recife, para ver as instalações e provar da comida que é servida nessas unidades. O CMS-Recife também irá pedir o mapeamento dos usuários que são atendidos nos CAPS segmentados por raça/cor, identidade de gênero, pessoa idosa e com deficiência.

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